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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

3º Encontro - 22.09.2010

O encontro de hoje teve um elemento surpresa:  um exercício prático através de um pequeno conto de Graciliano Ramos, da obra Alexandre e outros Heróis,  intitulado Apresentação de Alexandre e Cesária. Esse conto foi escolhido por ser curtissímo para ser bem aproveitado durante o tempo da aula, trazer riqueza de informações e imagens com possibilidades cênicas. O objetivo foi o de observar o desenvolvimento individual dos participantes diante do mesmo universo. Foi feito uma leitura em voz alta  na qual os alunos acompanharam com atenção para observarem, através desse contato inicial com o texto, suas primeiras impressões. Depois, individualmente, novas leituras foram feitas e alguns encaminhamentos foram sugeridos como:

1 - Qual a ideia principal do conto?
2 - Qual a história* do conto?
3 - Quais imagens, cheiros, cores, sons, etc, remetem o conto?
4 - Personagens - Perfil (idade, comportamento, profissão, hábitos, como se vestem, profissão, objetivo na história, etc);
5 - Tempo - A história é situada em que tempo? Passado, presente, futuro, manhã, dia, noite, passagens de tempo, etc;
6 - Espaço -  A história acontece em que lugar (ambiente)?
7 - Linguagem – Observar a linguagem utilizada no conto (coloquial, formal, regional, gíria, vulgar, etc);
8 - Recrie uma história a partir do conto (estímulo ou inspiração) com início, meio e fim;
9 - Qual título daria a sua história?

Os participantes tiveram um tempo para ler, pensar, criar, escrever, etc. Importante também ressaltar a liberdade criativa no que se refere à recriação a partir do conto (incluir ou excluir personagem, espaço, mudar situação, transpor para outra época, etc). Depois, cada um expôs sua história,  dúvidas foram tiradas e algumas orientações foram feitas pela professora no sentido de transcrever a história (narrativa) para a estrutura dramática. Muito enriquecedor ouvir as recriações (adaptações) em cima do mesmo conto para todos os presentes. Observar o ritmo, o universo criativo e ao mesmo tempo observar as dificuldades e facilidades de cada um.

Alguns alunos faltaram a este encontro. Combinamos que no início da próxima aula discutiremos o texto de Anatol Rosenfeld - Teatro Épico e Dramático (xérox) e finalmente cada um definirá seu texto narrativo (conto ou romance) e iniciarão a travessia.

Participaram desse encontro:

Raimundo
Rose
Sue
Pedro
Juliana

* Justifica-se a utilização do termo "história" e não "estória" no exercício prátco do conto de acordo com o dicionário Michaellis:
es.tó.rias. f. História. (Apesar de alguns fazerem distinção entre estória e história, recomenda-se apenas a última grafia, tanto no sentido de ciência histórica, quanto no de narrativa de ficção, conto popular, e demais acepções).
Segundo o Professor Pasquale Cipro Neto:

O caso de "história" e "estória" é uma das tantas maluquices da língua. O Aurélio registra "estória", mas diz que não se recomenda o uso. O Vocabulário Ortográfico Oficial também registra, mas, na prática, pouca gente tem coragem de usar. O melhor conselho parece ser o seguinte: use sempre história. ninguém poderá dizer que você está errado.
No site Nossa Língua Nossa Pátria há a explicação um pouco mais completa:

As palavras "estória" e "história" são aceitas por diversos autores, com significados distintos: - estória: exposição romanceada de fatos imaginários, narrativas, contos, fábulas; - história: para dados históricos, que se baseiam em documentos ou testemunhos. Estas duas palavras constam do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Mas o Novo Dicionário Aurélio da língua Portuguesa recomenda simplesmente a grafia história, nos dois sentidos. E o dicionário de Caldas Aulete refere-se à forma estória como um brasileirismo, isto é, apenas um aportuguesamento da forma inglesa "story".